Luísa Hanune fala na plenária do DAP

A JRdoPT foi convidada a participar da plenária nacional do Diálogo e Ação Petista realizada virtualmente esse sábado, dia 13 de junho. Participaram Hélio e Leonardo pelo CNJR. O convite tem a ver com a participação da JRdoPT nas chapas DAP ao 7º congresso do partido.  A plenária teve participação da presidente do PT, Gleisi Hoffman, que deu sua contribuição afirmando que o PT está presente nesse movimento de retomada das ruas que estaria hoje , 14, no ato na Av. Paulista. Outra presença a ser destacada foi de Luisa Hanune, secretária do PT argelino, pela qual nós fizemos uma grande campanha de liberdade após ter sido presa arbitrariamente por um Tribunal Militar. Hoje a companheira está livre e pode falar conosco, segue abaixo o registro de sua intervenção na plenária nacional do DAP.


Luisa Hanune na plenária nacional do DAP

Infelizmente a minha libertação em fevereiro coincidiu com a pandemia mergulhando toda a humanidade numa situação extraordinária. Todos sabemos o impacto dela em escala mundial.  Vivemos uma nova situação, quase unanimemente os governos tomam medidas que revelam o caráter bárbaro do sistema capitalista. Adotam medidas muito parecidas que mostram sua incapacidade de defender o povo de um vírus e utilizam a pandemia para atacar os direitos dos trabalhadores e dos povos.

As imagens que vemos sobre a situação dos povos na pandemia parecem imagens que vimos em livros das guerras mundiais. Jamais, como hoje em dia, os povos estiveram tão simultaneamente unidos diante das consequências dessa pandemia. O que provocou a impotência de enfrentar o vírus foi um processo de sucateamento dos serviços públicos de saúde. Esse sucateamento da proteção social provoca a impotência dos governos. Mesmo as pesquisas científicas que marcaram progressos da humanidade foram travadas e desviadas para atender os requisitos de lucro do capital. Essa constatação pode ser feita em qualquer país. O povo trabalhador é vítima e pode apontar o dedo contra o responsável, o sistema capitalista que gerou essa falta de defesa contra uma pandemia.

Seja no Brasil ou nos EUA onde o presidente é contra o confinamento mas também nos países onde as autoridades são a favor, as consequências sociais e econômicas são terríveis para o povo trabalhador. Nos países onde houve confinamento  foi usado como argumento para destruir direitos sociais, empregos e salários. Aconteceu em toda a Europa e aqui na Argélia. Ontem, na reunião da direção do PT [argelino], um companheiro afirmou que o confinamento sanitário não foi feito, foi feito um confinamento político. Governo usou o confinamento para atacar os direitos do povo. Em outros países houve supressão de liberdades democráticas, como a de reunião e a de manifestação.

A classe trabalhadora está diante de uma unidade total face a ofensiva capitalista na pandemia. Mesmo nesse quadro ocorrem manifestações importantes. Em 2019 já haviam explosões revolucionárias (Argélia, chile, Líbano…) As mobilizações de agora são muitos importantes porque criam uma resistência a essa enorme ofensiva que vai se acentuar. Isso faz com que haja um rechaço ao sistema nos próprios EUA e na Europa. O sistema já estava dilacerado por suas contradições. O assassinato do George Floyd abriu uma situação nova, não apenas porque as mobilizações nos EUA não tem precedentes, maiores do que na época de Luther King, mas pela onda de solidariedade em vários outros países. Isso porque o movimento nos EUA expressa não só o combate ao racismo que é estrutural no capitalismo mas o conjuga com a raiva que existe dos povos em geral diante de sua condição de vida. Nos EUA brancos e negros lado a lado dizem isso.

O que está em questão é o sistema diretamente.

Em que mundo estamos quando Trump acusa Maduro de financiar manifestações nos EUA? Todo esse movimento coloca uma responsabilidade para nós, militantes do movimento dos trabalhadores. Como ajudar essas explosões que ocorrem na pandemia a encontrar um caminho, uma direção? Isso porque no conjunto dos países em que o confinamento foi imposto ele serviu para raptar nossos direitos elementares, democráticos e sociais.

A volta às ruas começa a soar em vários países e na Argélia devemos voltar nos próximos dias. Temos notícia de manifestação no Japão. No Líbano se retoma o processo de antes. Na Tunísia recebemos notícia. Aqui na Argélia vamos retomar as ruas contra aqueles que usam a pandemia para atacar direitos e agredir liberdades. Vocês tem visto na França… na Espanha. É uma indignação que aumenta no fundo da sociedade e acusa os governos pelos responsáveis por essa tragédia na humanidade. Na Argélia se aproveitaram do período para atacar a previdência. Ano passado estourou um processo revolucionário com milhões na rua aqui. O ano inteiro milhões gritando “fora regime”. O governo empurrou uma constituição reacionária para sufocar esse movimento na pandemia. Mas ontem já teve manifestação com determinação contra regime reforçada por 3 meses de confinamento  e ataques ao povo e entrega da nação.

Estamos unidos contra esse sistema capitalista e todos os governos que estão a seu serviço. A frase “socialismo ou barbárie” nunca teve tanta atualidade. Temos de nos esforçar pra reforçar a coordenação e o intercâmbio internacional no combate a esse sistema. A saída não se dará em cada nação isolada, mas num movimento de conjunto contra o sistema. É a sobrevivência de todos nós que está em jogo. Temos de construir a força capaz de coordenar todo esse movimento para abater esse sistema.

Saudação a todos vocês na esperança de nos reencontrarmos em melhores condições.

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