Não à volta de aulas presenciais! Ensino Remoto, só complementar!

É possível a volta às aulas presenciais nessa situação?

Estamos em meio a uma pandemia mundial, no Brasil temos mais de 95 mil mortes, com mais de 2,5 milhões de pessoas contaminadas por COVID-19. O Governo nem parece tentar controlar a situação, já que estamos ha meses esperando o “pico da curva” abaixar, mas os casos só aumentam. Além disso, nem um ministro da saúde temos ainda. Então como voltar às aulas?

É importante lembrar o quão precárias nossas escolas públicas são. As escolas têm de muitas vezes lutar para que se haja comida no refeitório, já que o dinheiro que o governo distribui não é o suficiente para arcar com as despesas. Agora imaginem comprar materiais de proteção para os alunos, materiais de limpeza e organizar a escola para que não se tenha aglomeração. O governo vai disponibilizar dinheiro suficiente para organizar? Ele mal paga os professores em alguns estados. Então não, não é possível juntar 30 alunos numa sala de aula fechada, pouco ventilada. Isso colocaria em risco os jovens, os professores, os funcionários e as famílias desses estudantes que moram com avós ou com parentes já com outras doenças. Tentar voltar às aulas nesse momento só nos mostra o quão assassino é o nosso governo e o quanto ele não liga para sua população. 

Nessa situação o que é possível fazer?

Para que pensemos numa saída para a educação, é necessário ver qual é a condição social desses alunos. Sabemos que para que se haja aprendizado, tem de ter um espaço adequado com equipamentos adequados. Sabemos, também, que a desigualdade social vem aumentando cada vez mais. Muitos alunos não tem como estudar em casa já que a situação em que vivem não permite. Seja por falta de internet, um espaço para se concentrar ou por ter que ir trabalhar para que consiga ter o que comer. Em 25 estados brasileiros o ano letivo remoto está empurrado aos estudantes e profissionais da educação. Sem levar em consideração o que aponta a última pesquisa da PNAD-IBGE que entre os 10 milhões de jovens que estão fora da escola, um dos motivos mais apresentado é o desinteresse. 

Não há como ter ano letivo remoto, já que isso exclui toda uma população que não consegue acessar essas aulas. O papel do Governo é de dar educação pública de qualidade a todos. O que pode ser feito é disponibilizar atividades complementares, que não contará como ano letivo, com o objetivo de que os alunos não percam o contato com a escola e vice-versa, além de garantir os trabalhos dos professores.

O papel da UBES

A União Brasileira de Estudantes Secundaristas tem um papel extremamente importante nesse momento, já que é ela a entidade de representação nacional. Neste último período, em consequência da pandemia, a entidade não pode realizar seu congresso e por isso precisou compor um diretoria provisória que ficará responsável pela direção do movimento estudantil secundarista até o próximo ano. 

Enquanto isso, em maio e junho, manifestações e iniciativas expressivas foram organizadas nas ruas com o importante protagonismo da juventude. É ao lado desses movimentos que a UBES precisa estar, alavancando e ajudando a nacionalizar as demandas estudantis. Uma delas é o FUNDEB permanente que agora tramita no senado. A aprovação expressiva na câmara foi muito positiva no momento que o governo queria sabotar a PEC 15/15. Mas é resultado de “um amplo consenso na sociedade” como disse a nota da UBES? Vale ressaltar que ali dentro da PEC tem uma margem pra transferência de recursos públicos pra empresas privadas. Olho vivo, queremos FUNDEB permanente e mais recursos pra educação pública!

O fórum constituído na UBES para discutir o ensino remoto encaminhou uma posição à diretoria plena da entidade dando uma série de condições para se realizar o ano letivo EAD, na linha de “nenhum estudante fica pra trás”. Um recuo equivocado da UBES que deveria tirar posição firme contra esse ensino remoto em curso e ajudar as mobilizações para que ele seja apenas complementar. 

Convidamos os estudantes a participarem das nossas reuniões para discutir e organizar a luta contra a volta às aulas presenciais na pandemia e contra o ano letivo EAD. É possível em cada lugar realizar manifestações, cartazes e faixas, abaixo-assinados. Esse é o momento de defender a educação pública dos ataques e seguir lutando pelo fim desse governo assassino. Se interessou nessa mobilização? Vem com a gente!

Sabrina do Santos, diretora de assistência estudantil da UBES

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