Enquanto escrevemos, já são mais de 556 mortos em gaza com o massacre promovido pelo Estado de Israel esse ano. Pelo menos 100 crianças assassinadas. Um hospital em Gaza foi recentemente atacado pela infantaria de Israel, que detém o segundo exército mais poderoso do mundo. Do “lado” de Israel foram 27 mortos. Ninguém em sã consciência pode chamar isso de guerra. É um genocídio. É preciso por fim a esse massacre!
Dilma condenou, mas é preciso ir mais longe.
A presidente Dilma condenou as ações de Israel, o que certamente é mais do que fez Obama que com seu sorriso amarelo promete ajuda aos refugiados enquanto afirma que “Israel tem o direito de se defender”.
Mas é preciso ir mais longe. É preciso cortar relações com esse Estado Sionista. Nenhuma ajuda. Nenhuma relação comercial ou diplomática!
É preciso dar esse passo prático. Um estado racista como esse não pode ser sustentado.
A Juventude Revolução está solidária ao povo palestino e na luta pelo fim do massacre em Gaza.
As origens do “conflito” na região
Muita gente acha que o que se passa nesta região foi criado e é movido pela disputa religiosa. Nada mais falso. A religião, como sempre, é usada de cobertura ideológica. A origem do conflito é bem material.
O estado de Israel foi criado em 1948, por uma resolução votada na ONU em 1947, que contou com o voto favorável dos Imperialismos dos Estados Unidos e da Inglaterra; da URSS dirigida por Stálin, além do voto brasileiro. Um crime contra os povos da região, que permitiu a criação de um Estado Sionista.
O Sionismo, movimento que defende a existência de um Estado judaico, nasceu anos antes, no final do século XIX. Seu mentor, o reacionário Herzl explicava a necessidade do Estado de Israel da seguinte maneira “temos que obter nossa soberania, que só podem garantir as potências europeias. Para a Europa somos um muro contra a Ásia, um posto avançado da civilização contra a bárbarie”
Esse movimento levou, desde o inicio do século XX à transferência de colonos judeus sionistas para o território chamado Palestina, com disposição para tomar as terras dos palestinos árabes que já estavam estabelecidos na região há centenas de anos. Contaram com o apoio do Imperialismo Britânico para isso. Vale ressaltar entretanto, que entre os habitante da região, antes da chegada dos sionistas, havia judeus, muçulmanos e cristãos, convivendo em paz.
A chegada dos sionistas provocou conflitos. Em pouco tempo formaram grupos paramilitares que usavam da força para expulsar os palestinos árabes de suas terras. No ano de 1947, um ano antes da formação do Estado de Israel, os judeus correspondiam a cerca de 29% da população, e o movimento sionista conseguiu mais de 60% das terras e logo expulsaram 95% do povo palestino. Mais de 800 mil pessoas.
O movimento sionista acabou reforçado diante da perseguição nazista aos judeus na segunda guerra mundial alguns anos antes. Alguns judeus emigraram da Europa para o território palestino (mas não a maioria, que foi para o continente americano). A intenção do Imperialismo era clara, fazer dos povos judeus habitando no novo Estado sionista o escudo dos seus interesses na região do Oriente Médio, região estratégica em função da produção de petróleo.
Mas é necessário separar as coisas. O Anti-sionismo, posição contrária à existência de um Estado Judeu, nada tem a ver com anti-semitismo, posição de preconceito contra semitas judeus, que deu base aos delírios e à violência nazista contra judeus.
Tanto assim, que em todo mundo, inclusive no interior do Estado de Israel existem judeus anti-sionistas, que se manifestam, portanto, contra a existência de um Estado judeu, onde palestinos árabes são tratados como cidadãos de segunda categoria.
Como explicou Ralph Schoenman, autor do livro “A história oculta do Sionismo” em um ato de solidariedade à causa palestina em 1988 no Brasil: “A legislação que governa o direito de trabalhar sobre a terra diz que para ser proprietário, trabalhar ou alugar terras, deve-se provar quatro gerações maternais judias. É racista um estado que se funda numa legislação como esta (…)”. (Discurso publicado no Jornal O Trabalho, Edição n° 270, setembro de 1988).
Desde 1948 o Estado de Israel vem multiplicando as invasões ao que sobrou do território palestino, e condicionando mais e mais famílias palestinas a viver em condições de extrema miséria, a maioria expulsas de suas terras, obrigadas a morar em campos de refugiados na região ou em países vizinhos, confinados a territórios “protegidos” pelo chamado muro da vergonha (ver mapa). São pelo menos mais de 4 milhões de palestinos exilados de suas terras, vivendo nas piores condições possíveis.
Então, está claro que a desculpa de Israel para o mundo pode ser os ataques promovidos pelo Hamas, mas a verdadeira razão é outra. Trata-se de impor o dominio de Israel na região.
Única solução é Palestina Livre, laica em todo o território histórico!
Não há solução possível além da luta pelo estabelecimento de um único Estado Palestino na região, laico, soberano, no qual os palestinos tenham direito ao retorno às suas terras, e onde as componentes Árabes, judias e cristãs convivam em paz. Isso implica, obviamente em por fim ao Estado teocrático de Israel.
Muitas organizações de esquerda e até de extrema esquerda defendem a dita “solução” dos dois estados, ou seja de uma convivência pacífica entre o Estado de Israel e o chamado Estado Palestino. Mas o Estado Palestino, no quadro dos dois estados, é, obviamente uma ficção, porque não pode ser soberano enquanto os palestinos não tiverem direito ao retorno às suas terras, único modo de enfrentar o processo de submissão ao qual estão submetidos. Aliás, essa pretensa solução de dois estados já está em curso hoje. E o que se pode ver, na prática, é o genocidio palestino, já que a disposição do Estado sionista é tomar tudo, sem respeitar nem mesmo os acordos estabelecidos por essa cova de ladrões, instrumento do Imperialismo, chamada ONU.
É claro que se trata de uma tarefa muito difícil, colocar fim ao Estado de Israel, e construir um estado único, laico e democrático, com direito dos palestinos ao retorno. Mas é aquilo que é necessário para ajudar a libertar o povo palestino da opressão.
Movimento de resistência na Palestina e em Israel.
E além da solidariedade internacional, o movimento de resistência existe e luta. A juventude palestina já deu mostras de um incrível heroísmo quando organizou os movimentos denominados de Intifada, nos anos de 1987 e 2000. Ela voltou a se mobilizar esse ano, e as tentativas de contenção dessas mobilizações por parte da chamada Autoridade palestina (dirigentes da Organização para Libertação da Palestina – OLP ou da Hamas) em acordo com o Estado de Israel são um obstáculo para a revolução palestina.
Mesmo em Israel, além da mobilização dos trabalhadores palestinos, há também mobilizações de judeus que não apoiam os crimes do Estado sionista. Como a posição de 60 jovens de Israel que se recusaram a servir o exército pois não querem ser parte desse massacre. Em Israel, todo jovem, homem ou mulher quando faz 18 anos é obrigado a servir o exército e a recusa implica em prisão.
Um ato de coragem importante, ainda mais quando setores em Israel apoiam o massacre em curso, e chegam a ir mais longe, organizando agressões contra palestinos que vivem no interior do Estado. Na semana passada uma deputada de Israel chegou a pedir que as mães dos palestinos fossem assassinadas, para que novos palestinos “terroristas” não fossem gerados. Esse é o nível da barbárie.
Luã Cupolillo, é membro do Conselho nacional da JR