Nos dias 03 a06 de maio, acontece o 23º Congresso Nacional dos Pós-Graduandos,em São Paulo(SP). O site Juventude Revolução conversou com Maíra Gentil, da UFBA, diretora da Associação Nacional de Pós-Graduandos e umas das impulsionadoras da tese “ANPG é pra Lutar!”, que tem a adesão de militantes da JR.
JR – O Congresso da ANPG vai se reunir no início de maio (3 a 6),em São Paulo. Qual é a principal discussão que deve ser feita pelos pós-graduandos?
Maíra – Hoje a principal questão que envolve todos os pós-graduandos nacionalmente é a luta por mais e melhores bolsas. É inaceitável que estejamos há quatro anos sem nenhum reajuste nos valores das bolsas. Aos bolsistas recaem diversas exigências na produção científica, porém, as condições de estudo para a realização de uma pesquisa de qualidade estão longe de serem oferecidas.
Desde que se iniciou a campanha nacional de bolsas da ANPG no ano de 2011, foram coletadas mais de 60.000 assinaturas de pós-graduandos exigindo da presidente Dilma o reajuste no valor das bolsas. A direção da ANPG tem que entregar já essas assinaturas a presidenta Dilma. Já teve mais de uma oportunidade!
A mobilização realizada no dia 29 de março por estudantes em todo país, obrigou o Ministro da Educação a anunciar que as bolsas serão “reajustadas o mais rápido possível”. Mas para os estudantes que sofrem diariamente sem condições de pesquisa, não há o que esperar! é por isso que a tese ANPG É PRA LUTAR exige uma reajuste de no mínimo 40%, além do aumento no número de bolsas e exige da direção da ANPG que entregue as assinaturas aos responsáveis.
JR- Mas existem outros problemas. Os pós-graduandos muitas vezes não são remunerados pelo seu trabalho de pesquisa e não encontram as condições necessárias para produzir. Você pode nos falar um pouco sobre esta situação? O que é preciso ser feita para revertê-la?
Maíra – É verdade. A realidade da maioria das universidades é de precarização da estrutura física – faltam laboratórios ou quando existem, a estrutura é defasada; faltam livros nas bibliotecas etc.
Além disso, os pós-graduandos são tratados como trabalhadores comuns apenas no momento em que são feitas exigências sobre sua produção, sendo negados-lhes os direitos de condições dignas de produzir suas pesquisas: não tem condições de pagar a previdência e não recebem a 13ª bolsa, por exemplo.
A mobilização dos estudantes junto a ANPG em 2011 conquistou o direito à licença-maternidade para os bolsistas. Mas é preciso ir além e o 23º Congresso Nacional dos Pós-graduandos está chamado responder a estas questões, mobilizando os estudantes de todo o país, junto às Associações de Pós-Graduandos de cada universidade, pela unidade na luta dos direitos dos pós-graduandos.
JR – Mas para tudo isso, é preciso investimento do governo federal.
Maíra – Exatamente. E é por isso que a ANPG não pode aceitar o corte de 55 bilhões de reais (fevereiro/2012) do orçamento da União que foi utilizado para pagar o superávit primário – isto é, para pagar os juros da dívida publica que não foi produzida pelos trabalhadores e nem pelos estudantes. Este dinheiro deveria ser investido nas questões sociais do país. No caso da pesquisa científica, esta medida representou uma redução de 22% das verbas do Ministério de Ciência e Teconologia para o ano de 2012, valor este que já era inferior ao destinado para o mesmo Ministério no ano de2011.
A ANPG deve exigir da presidente Dilma, eleita pelo voto dos trabalhadores, estudantes e da juventude, que faça outra politca e reverta imediatamente o corte de verbas da União.
JR – No momento em que será eleita a nova direção da ANPG, como você avalia que estas discussões precisam ser pautadas?
Maíra – O quadro atual de precarização com a pesquisa científica no país e com os direitos dos estudantes de pós-graduação coloca sobre a ANPG toda a responsabilidade na organização da luta por condições dignas de estudo e pesquisa. O governo vem diminuindo a cada ano as verbas do Ministério da Ciência e Tecnologia, questão que deve ser combatida com firmeza pela ANPG.
Para isso a entidade deve ter total independência do Governo, recusando verbas para realização de atividades e congressos!
Neste sentido é que nós, da tese ANPG PRA LUTAR, reivindicamos que ANPG seja totalmente independente a governos, partidos e ONGs o que exige que a entidade repense sua forma de organização e arrecadação financeira. A independência financeira é que garantirá a independência política.
Além disso, a ANPG precisa fortalecer o elo de ligação com os estudantes ajudando concretamente na mobilização e construção das APGs, colocando como prioridade a luta em defesa dos direitos dos pós-graduandos.