Na madrugada do dia 12 /08 a polícia militar, aos mandos do governador de Minas Gerais, de forma truculenta, entrou no Quilombo Campo Grande, no município de Campo Meio, para despejar cerca de 450 famílias de um acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). E de acordo com o próprio Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) não houve “ordem de despejo do tribunal durante a pandemia”.
São famílias que promovem a agroecologia e fazem render cerca de 15 mil sacas de café por ano e 55 mil de milho, tudo sem o uso de agrotóxicos. São trabalhadores e trabalhadoras rurais, pessoas idosas, crianças, mulheres e apoiadores da agricultura familiar.
Autoritarismo de Zema à moda bolsonarista
Há menos de uma semana, a PM de Zema ao tentar impedir a realização de uma assembleia dos servidores da saúde, impediu que uma diretora do SindSaúde falasse durante a atividade. Ao invés de dialogar com a categoria que muito sofre com a covid-19 no estado, o governador prefere mandar polícia.
É esse o caminho seguido por Romeu Zema, que vê com bons olhos o governo de Bolsonaro, seguindo seus passos ao tentar empurrar a reforma da previdência, não investir o mínimo em saúde, chama os militares e dá um amostra de autoritarismo: helicópteros, drones, tropas de choque e cavalaria são utilizados no despejo.
De acordo com o MST, o primeiro local a ser despejado e desocupado foi a Escola Popular Eduardo Galeano. Centenas de viaturas e policiais vindos de outras cidades foi a maneira de evitar o diálogo e mostrar como deve ser tratado os trabalhadores no seu governo. Trazendo pra realidade de Minas uma frase do autor que dá nome à primeira escola a ser despejada, “O governo Zema é como uma serpente, só morde os pés descalços”.
Conflitos se intensificam
O acampamento Quilombo Campo Grande foi erguido há mais de 20 anos nas terras da antiga Usina Ariadnópolis, pertencente à Companhia Agropecuária Irmãos Azevedo (Capia), que faliu no final da década de 1990. Parte dos antigos trabalhadores da usina, que ficaram sem indenização após a falência da empresa, hoje integram o acampamento.
Após a falência da usina, a área de aproximadamente 4 mil hectares ficou degradada por conta do monocultivo de cana-de-açúcar. Com a ocupação do MST, o local ganhou plantações de café, milho e hortaliças, além da criação de galinhas.
De lá pra cá, os moradores já foram alvo de cinco ações na localidade. Mas foi a partir do fim de julho que, diz o MST “viaturas e drones atormentaram a paz das famílias acampadas” quando a polícia teria “invadido” casas e ainda levado um dos membros do movimento preso por resistência. O homem foi solto no mesmo dia e a entidade chegou a denunciar o caso ao Ministério Público diante da tentativa da PM em “coagir e incriminar os trabalhadores”.
É revoltante o caos onde o governo Bolsonaro e Zema jogam a juventude, trabalhadores, moradores de assentamentos e comunidades quilombolas! Não aceitaremos calados! A luta contra o genocida Bolsonaro se intensifica e cada vez mais a exigência do fim desse governo ganha espaço. E é neste caminho que começam a seguir vários setores, sufocados pelo governador de Minas Gerais que vê na pandemia o momento para retirar o futuro de tantos mineiros.
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Para não deixar que este ataque de Zema passe impune, está sendo organizado pela SECRA (secretaria do PT de Combate ao Racismo), JRdoPT entre outros, um ato simbólico em solidariedade às famílias e em repúdio ao despejo feito pela PM-MG. Será realizado amanhã, dia 14/08, sexta-feira, às 18h no Parque Halfeld.
Leonardo Ratão – militante de Minas Gerais e membro do Conselho Nacional da JRdoPT