No segundo semestre de 2012 acontecerão às eleições municipais no Brasil. No meio desta discussão a Juventude Revolução-IRJ precisa tomar posições claras junto à juventude Nesta perspectiva, temos que estar em diálogo com a maioria dos jovens que votam e participam das eleições na expectativa de que suas demandas mais profundas sejam atendidas.
O terreno eleitoral é distorcido e cheio de complicações, afinal, são as eleições das instituições políticas burguesas. É isso que permite que seja necessário bastante dinheiro para eleger um prefeito ou vereador. Não é qualquer um que pode ser candidato. Fora a quebra de um princípio da democracia onde percebemos que o voto de um eleitor no Acre vale mais proporcionalmente que o voto de um eleitor em São Paulo nas eleições para Deputado Federal, por exemplo. Portanto, não existe a relação de “um homem um voto” nas instituições políticas brasileiras.
Todo período eleitoral, vemos um monte de candidatos se digladiando por votos. Cheios de demagogia e promessas que o povo já está cansado de ouvir e não consegue mais acreditar. O fato é que a burguesia tem feito das eleições uma sujeira cada vez maior. E não poderia ser diferente. As instituições políticas da burguesia servem para isso mesmo. Para ficar na política de “toma lá, da cá” e transformar as Câmaras Municipais em verdadeiros balcões de negócio. Onde os acordos nas votações permitem contratações de empresas para tais obras ou tais medidas dos prefeitos.
É comum ver que na Câmara dos Deputados, diversos parlamentares negociem com prefeitos os 15 milhões em emendas individuais aos que eles têm direito para obras em seus Estados. Em muitos casos, as obras são superfaturadas e os prefeitos custeiam a obra abaixo do orçamento previsto e emitem notas frias. Parte dos recursos vão para os prefeitos e outra parte vão para os deputados fazerem suas campanhas. Por isso que hoje, fazer caixa dois é uma realidade na maioria dos casos, mesmo que por “debaixo dos panos”. Uma regra quase institucionalizada. E não há como “limpar” esses mecanismos corruptos das instituições. Elas precisam desses mecanismos para existir. A única forma é construir organismos onde de fato o povo trabalhador e a juventude tenha condição de ser protagonista de sua história. Por isso que hoje, torna-se necessário discutir a construção de uma Assembleia Constituinte Soberana, onde o povo possa decidir sobre seus rumos políticos e não ficar dependendo da política atual.
No Congresso Nacional, vemos que o Partido dos Trabalhadores, partido em que a juventude e trabalhadores depositam ilusão de que as coisas possam mudar, acaba sendo refém do PMDB, um partido que sustentou a ditadura militar por muitos anos e foi pilar do Colégio Eleitoral que elegeu Tancredo Neves no voto indireto como primeiro presidente da República, mantendo as instituições políticas da ditadura militar intactas. A militarização da polícia e os famosos P2, por exemplo, seguem operando contra os trabalhadores e jovens nas diversas manifestações nas últimas décadas.
A maioria do povo trabalhador e da juventude tem ilusão que seus problemas serão resolvidos nas eleições. E cabe a nós combater essas ilusões no próprio terreno distorcido das eleições. Com os pés no chão, sabendo das instituições políticas decadentes e degeneradas da burguesia, numa perspectiva de que nosso objetivo é derrubar elas para colocar no lugar outras em que o povo possa exercer seu poder e definir os rumos políticos de verdade e conquistar os anseios da nação e reivindicações como Reforma Agrária, Redução da jornada de trabalho sem redução salarial, mais verbas para os serviços públicos, universalização do acesso à educação e cultura e outras questões.
É preciso de outra política em cada município. Os estudantes precisam de passe livre e melhoria da estrutura das escolas, criação de novas universidades, cursos técnicos, melhoria da saúde pública, transporte, moradia, mais emprego. Questões negligenciadas em detrimento do orçamento limitado de cada município pelo compromisso deles com a Lei de Responsabilidade Fiscal, que impede maiores investimentos para acumular superávit primário para o pagamento impagável da dívida pública que cada vez que se paga, aumenta mais pelos altos juros.
A burguesia quer afastar os jovens da política ao dizer que “política é suja” ou que “todos os partidos são iguais”. Porque generalizando facilita para que eles tomem conta da política. Se os jovens não se organizam, inclusive em partidos políticos, não conseguem se agrupar coletivamente em torno de um programa para disputar o poder político. Por isso não devemos cair na onda de ficar fora da política ou fora do combate político contra a burguesia para tomar o poder aos trabalhadores a quem a juventude deve se aliar para conseguir fazer a revolução.
No período das eleições, sempre aparecem candidatos e partidos da burguesia querendo chamar jovens para trabalhar em sua campanha em troca de algum dinheiro. Também iludem jovens para que sejam candidatos em condição de levar a cabo as tarefas deles. Às vezes é mais fácil eleger um jovem para poder usá-lo para atender às demandas da burguesia.
A juventude sofre com o tráfico de drogas, muitos morrem pelas mãos da polícia ou dos traficantes. É a política do imperialismo que lava dinheiro para aumentar sua taxa de lucro, na medida em que as forças produtivas pararam de crescer.
Na brutal ofensiva que nega aos jovens um futuro torna necessário que os jovens não se coloquem alheios ao processo eleitoral. No momento em que as cidades discutem seus rumos políticos e a maioria do povo vota achando que algo pode ser mudado nas eleições, torna-se necessário que a Juventude Revolução tome partido por candidatos que assumam compromissos concretos pelas reivindicações ou de quem poderemos exigir reivindicações concretas com a luta dos jovens e trabalhadores.
A JR-IRJ fez campanha por Lula em 1989 e também em 2002. Também chamamos voto na Dilma em 2010 e pensamos que isto não feriu a nossa autonomia frente aos partidos políticos, porque fizemos atos e manifestações exigindo da Dilma, por exemplo, a reversão dos cortes no orçamento. Do mesmo modo que desenvolvemos campanhas como a luta pela retirada das tropas brasileiras do Haiti, mesmo sendo uma das principais iniciativas da Dilma em sua política internacional.
Marcius Siddartha, é militante da JR no Distrito Federal