O ato que ocorreu na segunda feira (24) contra a prisão arbitrária de Rafael Braga, começou por volta das 18h00 e se reuniu no vão livre do MASP. Em seguida caminhou com um carro de som entoando palavras de ordem contra a militarização da polícia e contra o governo golpista, seguido pela multidão que acompanhava a marcha. Encerrou em frente ao escritório presidencial, com intervenções emocionadas denunciando o estado polícial que assola as periferias e que com sua PM persegue, executa ou encarcera em massa os pretos e pobres.
Mas quem é Rafael Braga?
Em 2013 durante as jornadas de junho, milhares de pessoas foram às ruas em atos inicialmente contra o aumento das passagens, mas que logo passaram a ter muitas reivindicações, demonstrando o descontentamento com as instituições apodrecidas.
A repressão era descomunal, ferindo e prendendo tanto quem lutava por seus direitos, como quem apenas passava na rua. Como no caso de Rafael, o único condenado que foi preso nesse contexto.
Ele foi pego ao passar pelo ato com duas garrafas lacradas de pinho sol, mesmo com a perícia alegando que o material dá garrafa não poderia ser usado para se fazer um “coquetel molotov”, arma que ele só passou a conhecer depois da prisão.
Por bom comportamento pode cumprir um regime semiaberto, mas foi preso novamente em janeiro do ano passado enquanto caminhava até a padaria, na favela da Vila Cruzeiro (RJ) onde mora sua mãe. Supostamente portando maconha, cocaína e um rojão. Foi condenado a 11 anos de prisão, por tráfico de drogas. Mesmo que ele e uma testemunha aleguem que ele não estava segurando nada quando foi abordado e agredido pelos policiais, cujos depoimentos são tidos como provas suficientes para a condenação.
Mesmo que mais da metade da população brasileira seja negra, o racismo é estrutural e institucionalizado.
Aos negros é negada a educação de qualidade, acarretando em piores empregos e moradias. Formando a camada mais pobre dá sociedade são obrigados a morar em periferias, sem locais para a prática de esportes ou incentivo a cultura. Só conhecem o poder público através da violência polícial praticada diariamente, que alegando estar em busca de drogas, pratica um verdadeiro genocídio e um encarceramento em massa de milhares de inocentes todos os anos.
Prosseguir a campanha pela libertação de Rafael Braga é uma obrigação de todos aqueles que lutam contra o genocídio e o encarceramento em massa da juventude negra, e por todos aqueles que simplesmente defendem a democracia.
Bianca Alves, é militante da JR em São Paulo