O dia 09 de agosto de 2016 foi marcado por graves ataques dos golpistas na Câmara e no Senado.
A presidenta legitimamente eleita, Dilma Roussef, foi tornada ré no processo de impeachment, com 58 votos a favor e 21 contra. Agora o processo segue para apreciação do plenário do Senado. Tudo sendo feito com a presidência do Supremo Tribunal Federal, instituição que arquitetou o golpe.
Enquanto isso, a Câmara dos Deputados aprovava o PL 257, que ataca diretamente os serviços públicos. A fim de negociar a dívida dos Estados e Municípios com a União, esse projeto prevê uma contrapartida grave: impede o reajuste salarial dos trabalhadores em educação durante dois anos!
Já na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) foi aprovada a PEC 241, que desobriga investimentos mínimos em educação e saúde e congela os orçamentos durante 20 anos! Segundo o economista João Sicsú, se essa forma fosse aplicada nos últimos 10 anos, o investimento na educação teria sido R$321 bilhões a menos do que o atual! Ao invés de R$110 bilhões em 2016 teríamos tido R$32 bilhões. Ao passo que, o governo golpista prevê cortar 45% dos investimentos feitos nas universidades federais!
Para completar, segue em regime de urgência na mesma Câmara dos Deputados, o PL 4567, que retira da Petrobrás a exclusividade das atividades no pré-sal, abrindo caminho para a privatização, o que afeta diretamente a educação, já que mexe no Fundo Social Soberano, o qual destina grana do pré-sal para a educação!
Esse é o caráter do golpe! Quanto mais força os golpistas sentem que tem, mais eles colocam suas asas de fora, preparando para passar o trator por cima de nossos direitos! E seu exército golpista no Judiciário e no Parlamento estão a postos.
O dia 09 de agosto e a luta daqui pra frente…
Na luta contra o golpe, é necessária a unidade. Daqui até a votação do golpe no Senado, prevista para o dia 24 de agosto, devemos estar todos juntos em um só grito: “Fora Temer! Nenhum direito a menos!”. Não podemos jogar a toalha.
E seja qual for o resultado da votação, inclusive com a confirmação do cenário mais provável (consolidação do impeachment), é necessário disposição pra lutar sem trégua contra Michel Temer e tudo que seu governo representa.
Qualquer outra proposta – como o plebiscito pra antecipação de eleições – nesse momento, só confunde aqueles que estão nas fileiras da luta contra o governo golpista, apostando na repactuação com essas instituições golpistas e apodrecidas.
É essa confusão que explica, em parte, a dificuldade de mobilização para este dia 09. Em alguns lugares ocorreram atos e alguns milhares foram às ruas, mas as mobilizações foram muito menores do que tem sido. Em São Paulo, o ato tinha no máximo 5 mil pessoas, e não contava nem com carro de som!
Essa confusão é alimentada pela UJS (e acompanhada pela DS/Kizomba) que tem defendido a “antecipação de eleições”, com o discurso falsamente democrático de que “o povo tem que decidir”. Para isso, como é de praxe, não hesitam inclusive em atropelar a democracia nas entidades estudantis onde são maioria. Sem nem mesmo discutir a questão, a UBES e a UPES, por exemplo, tiveram seus nomes entre os que convocavam manifestações “por antecipação de eleições”.
Nesta questão inclusive estão de mãos dadas com outros setores como o Juntos e o MAIS (racha do PSTU), além do PPL, cuja linha é “Fora Temer e Dilma”.
A grave situação de ataque aos direitos exige em primeiro lugar a construção da unidade. Quem, neste momento fala em antecipação das eleições, joga na divisão e acaba se colocando, na prática, ao lado dos golpistas que querem rasgar o voto popular.
É preciso urgentemente construir a unidade ao redor da defesa dos nossos direitos, ligados a luta pela saída deste governo. Inclusive nas eleições municipais, onde é necessário enfrentar esse debate, ao invés de se reduzir a discussão de “propostas municipais”.
As entidades estudantis devem se unir às organizações dos trabalhadores para ajudar a construir a greve geral, como propõe a CUT. A saída para a situação e para a defesa de nossos direitos exige uma resposta de conjunto, construída com muita unidade!
A Juventude Revolução se dispõe através de nossos núcleos a fazer a discussão e fortalecer a luta com cada jovem, em cada escola e universidade neste sentido.
Fora Temer! Nenhum direito a menos!
Rodrigo Lantyer, militante da JR em Cruz das Almas, Bahia