Resistência e greve no Rio Grande do Sul

Há cerca de 1 mês, os funcionários e professores da educação estadual do Rio Grande do Sul decretaram greve contra o pacote da reforma estrutural do estado do governador Eduardo Leite (PSDB). São oito projetos que incluem alterações que afetam o magistério, forças de segurança – Brigada Militar, Polícia Civil, Susepe e IGP – e servidores. Entre as maldades, se inclui o fim do Plano de Carreira dos professores, reajuste zero por tempo indeterminado, entre outros.

Leite já não se contenta com os cortes vindos do governo federal e continua precarizando a educação pública com cortes de verbas para investir em estrutura das escolas gaúchas e em um pacote de ataque aos direitos dos servidores públicos, este sendo o estopim para a greve.

O fim dos adicionais por tempo de serviço e o corte da incorporação de gratificações na aposentadoria, mostram que Leite quer acabar com os direitos do funcionalismo público. A crise salarial no Estado evidencia o descaso aos servidores públicos e a ambição de Leite à privatização das empresas estatais, vendendo o patrimônio do Rio Grande do Sul e deixando este cada vez mais à mercê do mercado.

A crise no Estado, evidentemente, não foi criada pelo funcionalismo público, porém, o governo tenta jogar a responsabilidade para o povo fazendo com que a classe trabalhadora pague a conta.
Os educadores gaúchos são os principais prejudicados por tal pacote de ajustes. Estes, que já vivem uma realidade de parcelamento de salário a mais de 48 meses, desde o governo de José Ivo Sartori (MDB), veem seus pagamentos serem suprimidos por empréstimos de antecipação salarial e estão a 5 anos sem reajuste neste, com o pacote, sofrerão mudanças drásticas que resultarão no fim de seu plano de carreira. Isso reflete a total imprudência do governador com a educação e a falta de perspectiva que assola os jovens de todos os cantos do estado.

Os ataques ao povo gaúcho

Em todo o Rio Grande do Sul, escolas em regiões periféricas e principalmente escolas do campo, estão sendo fechadas, impossibilitando os estudantes de frequenta-las e fechando a porta do ensino, principalmente para os mais pobres, que não tem condições de acesso às escolas longe de suas casas ou nos centros urbanos. 

A ameaça de adesão ao projeto de escolas cívico militares, o qual Eduardo Leite já sinalizou ser favorável, destrói a liberdade de organização, expressão e reprime os estudantes, com o autoritarismo pairando sob nossas cabeças. Algumas escolas do estado já relatam a catástrofe desta realidade, que impõe medo e repressão aos jovens.

Em resposta às mobilizações, o governo apresenta a repressão e ameaça de retirada de direitos

No dia 27/11, o governo Leite apresentou, por meio do Diário Oficial do estado, uma reorganização da grade curricular que apresenta ser similar e a aplicação à nível estadual da Reforma do Ensino Médio, aprovada em 2017. 

Esta medida é um novo ataque que pretende desmantelar a educação e precarizar o ensino. 

A mudança apresentada na Portaria N°289/2019 prevê a flexibilização da grade curricular, diminuindo a carga horária de todas as disciplinas, menos Português e Matemática, tirando a obrigatoriedade de disciplinas como Literatura, Sociologia, Filosofia, entre outros. E instituir a disciplina “Projeto de Vida” (?), disciplina que não está explicitada exatamente do que se trata no texto da medida, confusa em vários outros aspectos. O objetivo é abrir um precedente para poder criar ensino voltado à formação de mão de obra barata que se submeta a qualquer tipo de condição de trabalho precária.
Frente a tudo isso, temos trabalhadores, estudantes e comunidade lutando contra as medidas de Eduardo Leite. Com uma onda de atos contra os ataques do governo ocorrendo pelo Estado, mostra-se que a voz dos cidadãos não está e nem será silenciada. 

Em todos os cantos do estado, jovens de diversas escolas se organizam para realização de atos, assembleias, eleições de grêmios estudantis, e se articulam junto dos profissionais da educação em apoio a sua greve. 
A participação de milhares de jovens nas ruas demonstra que a juventude tem garra para lutar e que não ficaremos parados vendo nossos direitos sendo destruídos.

A Juventude Revolução do PT do RS, onde está inserida, está presente impulsionando mobilizações, assembleias e ajudando a construir grêmios estudantis livres. 

No dia 22/11, impulsionamos uma Assembleia Municipal dos estudantes da cidade de São Leopoldo (RS), região metropolitana de grande Porto Alegre, com o objetivo de dialogar sobre a necessidade de lutar pela derrubada do pacote de Leite, em solidariedade à luta dos professores, mas também apontando que a única saída política possível que atenda às reividicações da juventude brasileira passa pela necessidade de nos organizarmos e lutarmos pelo fim do governo Bolsonaro.

Diversos encaminhamentos foram retirados, entre eles a criação de um comando estudantil, que contenha representação por escola, para definir atividades e um calendário de mobilização dos estudantes. 
Apontamos que Eduardo Leite e Jair Bolsonaro são duas faces da mesma moeda, aplicando a mesma política suja de desmonte do serviço pública, impondo condições de vida precárias e a falta de perspectiva para a juventude, através de projetos como o do magistério, mas também através dos cortes na educação, do Future-se nas Universidades Públicas e Institutos Federais, cortes no PROUNI E SISU, CAPES, CNPQ e Educação Básica, além da carteira verde e amarela que nos impõe emprego sem direitos. 

A juventude gaúcha percebe que a luta vai além da greve. O que está em jogo é nada mais, nada menos do que, o futuro da escola e da educação pública como conhecemos hoje.

Resistimos!

A greve dos professores gaúchos está se transformando em uma das maiores dos últimos anos no estado. Já somam-se mais de 1.500 escolas paralisadas, onde não só professores lutam por seus direitos, mas tem o apoio dos estudantes que também lutam pelo futuro da escola pública e da educação.

A disposição para resistir existe, e é preciso organizar esta resistência. No dia 17 de dezembro, próxima terça, acontecerá a votação do pacote de maldades de Eduardo Leite na assembleia, e a classe e a juventude estarão em peso mobilizando pela retirada imediata do pacote.

A Juventude Revolução do PT RS continuará mobilizando junto dos jovens, trabalhadores e estudantes gaúchos, promovendo assembleias nas escolas, passagens em sala, elegendo grêmios estudantis, promovendo atividades e atos nos bairros e trabalhando em unidade com a classe trabalhadora em defesa dos direitos, da escola e da educação pública.

Convidamos a cada jovem que é contra os cortes, contra o desmonte do serviço público e da educação e defende Lula Livre e a anulação de seus processos a organizar-se conosco!

Organize-se na luta! Vem com a gente! Filie-se na JRdoPT!
Todo apoio à greve dos professores!
Retira Leite!

Ana Luiza e Márcia Damke – JR do PT São Leopoldo

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